7 de maio de 2009

Recursos Educativos Abertos (REAs)


Imagine um mundo em que cada pessoa no planeta tenha acesso gratuito à soma de todo o conhecimento da humanidade.” Jimmy Wales, Fundador da Wikipédia.


Recursos Educacionais Abertos (REAs ou OERs) são recursos livres que podem ser utilizados por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, uma vez que estes têm na Internet o seu meio de implementação.
O termo OER (REA) foi aplicado pela primeira vez numa Conferência da UNESCO, em 2002.
Por REAs, podemos entender não só os conteúdos de aprendizagem e pesquisa, mas também as ferramentas que permitem a sua criação, modificação, busca e organização, bem como as licenças a que estão associados.Esta iniciativa que visa contribuir para o desenvolvimento da sociedade através do conhecimento surgiu associado à expansão do movimento de software livre e teve um grande estímulo devido à iniciativa do MIT em disponibilizar os seus conteúdos digitais on-line de forma livre e aberta.
Não podemos entender o conceito de REAs sem o associar ao movimento software livre, porque sem software livre os REAs não serão exequíveis.
Na Declaração da Cidade do Cabo para a Educação Aberta podemos conhecer as estratégias a implementar para o desenvolvimento dos REAs.
De acordo com a filosofia que está na sua origem, os REAs podem ser um importante instrumento para a disseminação e universalidade do conhecimento.
Na minha perspectiva, os REAs apresentam alguns aspectos bastante positivos, dos quais destaco:
  • permitem o acesso ao conhecimento em qualquer parte do Mundo;
  • permitem a construção do conhecimento de forma colaborativa e partilhada;
  • permitem a sua adaptação a diferentes contextos;
  • através da construção partilhada é possível aumentar a sua qualidade.

Encontrei no blog de Curt Bonk, um post com o título Why "Share" and how can OER and OCW benefit people in these difficult economic times? em que o autor refere 10 razões para os professores/instrutores optarem pelos REAs, 10 razões para que as Instituições os promovam e utilizem e 10 razões para que qualquer pessoa também os use. Por fim, ainda nos disponibiliza uma listagem de 10 links relacionados com os REAs. Muitas das razões enumeradas por Curt, vão de encontro às que referi como aspectos positivos dos REAs.

Achei igualmente interessante e actual a referência que Curt faz à actual conjectura económica e ao desemprego e o modo como os REAs, também neste caso, podem ser uma mais-valia, permitindo às pessoas menos qualificadas, aumentar os seus conhecimentos de forma aumentarem as suas qualificações e assim estarem aptas para concorrer a um conjunto mais variado de empregos.


Sobre um aspecto inerente aos REAs, que é a partilha, encontrei no blog ZaidLearn, um interessante post intitulado Ruzaimi's Free Drawing Lessons Inspires Me to Sketch!, onde Zaid faz referência a um artista da Malásia, Ruzaimi Mat Rani, que criou um blog para partilhar os seus conhecimentos e a sua arte para esboçar paisagens.

Neste blog podemos encontrar vários esboços de desenhos em cima e por baixo destes, um pequeno vídeo que nos mostra todo o processo de criação. O que considero interessante é a forma que este artista encontrou para partilhar os seus conhecimentos, de forma gratuita e com acesso a todos.

Embora, a mentalidade preponderante ainda seja a de querer guardar tudo na gaveta para que sejamos os detentores do saber, também no post anterior, Zaid leva-nos a fazer uma reflexão sobre a partilha e como, ao contrário do que pensamos, esta pode ser também benéfica para nós.

Sharing knowledge is power and the way to go!

Um indivíduo que disponibilize conteúdos, por exemplo num blog, e se este trabalho for realmente de qualidade, pode começar por ser conhecido. A partir daí poderá ser convidado a participar em wokshops e aos poucos ver o seu trabalho e o seu valor reconhecidos.
Um aspecto igualmente importante é o da qualidade dos REAs. Partilhando ideias e conhecimentos online, é possível obter um feedback de outros profissionais (e não só), que levarão a uma reflexão e por conseguinte a um aumento de qualidade do nosso trabalho. Também neste caso a partilha de conteúdos pode ser positiva.
No entanto, ainda se colocam muitos desafios para a sua utilização plena. Destaco aqui alguns dos que para mim são os principais.
A grande maioria dos actores ligados à educação e ao conhecimento ainda desconhece os REAs. Na minha opinião seria útil uma divulgação mais global e abrangente deste tipo de recursos.



No blog de Brian Lamb, encontrei a divulgação da OpenEducation Conference, que este ano tem como tema Crossing the Chasm. Provavelmente, esta iniciativa será acompanhada pela comunicação social e terá a sua divulgação na Internet. Este facto pode, no meu entender, contribuir para a divulgação dos REAs. Ao mesmo tempo, a troca de experiências pode fomentar e incentivar o uso dos REAs. No mesmo blog, também encontrei um post com o titulo Are you open enough for OpenEd 2009? Take this handy quiz que considero interessante porque muitas vezes não damos valor ao nosso trabalho e aqui, com algum humor, Brian chama a atenção para este facto, incentivando as pessoas que utilizam os REAs a apresentar os seus trabalhos para que estes sejam conhecidos e para que tragam novas ideias de forma a dar uma nova energia a este movimento.


No blog de Barbara Dieu encontrei um post com o título OER at STOA onde para além da autora referir as vantagens da utilização dos REAs, faz uma comparação entre o que se passa nos EUA e nos países desenvolvidos com o caso do Brasil, focando aquele que eu também considero ser um dos problemas em Portugal, a escassez de informação e conhecimento sobre os REAs.Para além da informação e do conhecimento sobre os REAs considero igualmente um desafio encontrar facilmente o REA ideal para determinada situação. Será muito importante modificar mentalidades e estimular os professores/educadores para a construção, utilização, adaptação, divulgação e partilha de REAs.
Finalmente gostaria de terminar invocando a Teoria da Evolução de Charles Darwin. Neste contexto, podemos ter muitos conteúdos publicados e partilhados mas só os que realmente têm qualidade irão ser utilizados e os seus autores reconhecidos. Deixo, para reflectirmos, esta imagem que encontrei no blog de Barbara Dieu com o título Blogs in the classroom - Inevitable, preventable or it does not really matter?


9 comentários:

  1. Gostei da referência que se faz à utilização dos OER pelos professores/instrutores. Nas 10 razões enunciadas por Curt Bonk podemos ver o antídoto para um certo medo de partilhar e o modo como as OER’s podem sempre superar: a partilha. Sendo um recurso grátis tem na partilha, e no que daí advém, o seu grande incentivo.
    Depois, continuando na partilha, achei muito interessante a referência que Brin Lamb faz às características que deve ter, ou melhor, observar alguém que vai apresentar alguma coisa, algum trabalho. Ah! Ter medo não é boa ideia.

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  2. Olá Eduarda, achei os vários aspectos focados bastante pertinentes, que nos colocam a reflectir sobre estas questões dos OER´s. Realmente, dada a crise económica que estamos a atravessar, o crescimento exponencial das taxas de desemprego, sente-se que as qualificações dos indivíduos são uma preocupação a nível mundial e o recurso aos OER´s e aos OCW são uma mais valia.
    O desenvolvimento da sociedade através do conhecimento é uma realidade e cada vez as pessoas recorrem aos recursos educacionais abertos e às ferramentas Open Source a eles associadas, de forma a estimular o conhecimento universal.
    Concordo com os aspectos positivos referenciados.
    Considero que para uma utilização crescente dos REA’s, torna-se necessário cada vez mais partilhar e colaborar na produção dos recursos, alterar e construir de forma colaborativa, contribuindo assim para uma melhoria da qualidade dos recursos e para a certificação dos mesmos, bem como a sua validação.
    Por vezes, a ignorância, a escassez de informação relativamente às licenças, as questões dos direitos de autor constituem um entrave à utilização/criação de um REA.
    Eu acho que a mudança de mentalidades quer por parte dos alunos, professores, instituições educativas e governos de cada país no sentido de promover, estimular todos estes intervenientes no processo educativo a utilizar, criar, adaptar, modificar, divulgar, partilhar e disponibilizar recursos educativos abertos contribuirá certamente para uma revolução no ensino e para a universalidade do conhecimento.

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  3. Eduarda,
    Achei muito interessante o post retirado do blog de Curt Bonk em que são enumeradas as razões para que os REAs sejam utilizados por professores/instrutores, por instituições ou por qualquer outra pessoa. Ou seja, é dada a perspectiva de que a utilização dos REAs não se limita à área do ensino, poderá abranger todas as áreas em que um indivíduo tenha necessidade de obter conhecimento.
    Referes ainda, no teu post ( e eu concordo), que um dos problemas em Portugal, é a escassez de informação e conhecimento sobre os REAs.
    Penso que temos (alunos do mestrado) uma responsabilidade acrescida: participar na divulgação das potencialidades da utilização, criação, partilha, adaptação dos REAs.

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  4. Boa tarde, Eduarda.

    A minha atenção, no seu post, ficou presa na última imagem. (Forte!) E, em particular, à frase que lhe servirá de legenda: "Never have so many people written so much to be read by so few." (KATIE HAFNER)

    Tive curiosidade em ler essa frase no seu contexto. Fui à procura. Encontrei-a num artigo do The New York Times. Katie Hafner é uma jornalista que escreve desde há muito artigos sobre tecnologia e sociedade.

    E concretamente, nesse artigo, desenvolve a problemática da dependência que muitas pessoas desenvolvem em relação aos blogs. O artigo é de 2004, mas julgo que continua actual e, hoje em dia, se aplica, também, a outras ferramentas mais recentes como, por exemplo, o twitter.

    A frase aparece, quando, no seu artigo, Katie fala do facto de haver cada vez mais blogs, o que não significaria, no entanto, que fossem lidos. E refere, inclusive, um aspecto que julgo que todos os que passaram já pela experiência de ter um blog sentiram: a sensação de quem ninguém nos lê. E é neste contexto que a frase surge:
    "Sometimes, too, the realization that no one is reading sets in. A few blogs have thousands of readers, but never have so many people written so much to be read by so few."

    Tratando-se apenas de uma constatação, no texto de katie, esta frase associada à foto de Barry D, leva-nos a reflectir sobre a pertinência da utilização destas novas ferramentas enquanto recursos educativos.

    Concordo totalmente com a Eduarda, quando afirma que "Será muito importante modificar mentalidades e estimular os professores/educadores para a construção, utilização, adaptação, divulgação e partilha de REAs." eu acrescentaria que essa mudança de mentalidades deveria passar também pela mudança de metodologias. Nem sempre o recurso às tecnologias para criação de recursos é sinónimo de trabalho inovador.

    Se se usar a tecnologia apenas como suporte mais facilitador para a transmissão de conteúdos, afinal, nada fica diferente. O processo de aprendizagem será o mesmo. Julgo que seja, de facto, a mentalidade que deva ser alterada. As metodologias têm de acompanhar o ritmo de evolução acelerado da inovação tecnológica.

    O fundamental é saber comunicar.

    Esta questão está, quanto a mim, bem ilustrada neste vídeo: Metodologia ou tecnologia.

    Rosalina Simão Nunes
    12/05/09

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  5. As novidades não param e sempre surpreendentes.
    Fiquei particularmente interessado com a sua descoberta da sugestão de Curt, relativamente à utilização dos OER pelos menos qualificados, nesta fase conturbada, para melhorem os seus conhecimentos, parecendo-me que mais do que por iniciativa própria, deveriam ser as autoridades a explorar essas ferramentas, com poupança de recursos públicos, mas com um forte retorno do investimento.

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  6. Olá Eduarda!

    Em primeiro lugar, adorei a frase com que começa o seu post... de facto diz tudo e foca um dos pontos essenciais do seu texto: a importância da partilha para que todos possamos ter acesso ao conhecimento. É este ponto que reflecte a importância dos REA no ensino e que os distingue de outro tipo de materiais e recursos.

    Ainda há um longo caminho a percorrer... tal como refere, não é muito fácil, ainda, para grande parte dos actores na educação partilharem o seu saber, pois a ideia de brilhar por si só ainda está muito patente na sociedade actual. Os REA devem ser pensados como uma forma de contribuir para o conhecimento global... e é isso que cada educador deverá ter em mente ao desenvolver materiais: não centralizar o conhecimento apenas na "sua' sala de aula.

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  7. Eduarda,

    Neste seu post disse quase tudo o que é importante saber sobre os os REA's e valorizou o seu trabalho com fontes bastante diversificadas. Definiu REA's, enunciou as suas finalidades, associou-os à expansão do movimento de software livre, divulgou estratégias para a implementação e desenvolvimento dos REA's, destacou aspectos positivos, apontou razões para professores, instituições e público em geral utilizem e promovam os REA's, demonstrou como o REA's podem ser uma mais valia não só para o seu criador, como para as pessoas melhorarem as suas qualificações profissionais, demonstrou como a partilha pode ser benéfica para o criador dos REA's e quanto pode contribuir para a qualidade final do produto, realçou a necessidade de uma maior divulgação dos REA's, sobretudo no seio da comunidade educativa, por fim, considerou um desafio encontrar o REA's ideal adequado a determinado contexto educativo e termina alertando-nos que neste processo de selecção só irão persistir os REA's de qualidade ao mesmo tempo que promovem o mérito do seu autor.

    Depois da leitura deste seu post fiquei com uma visão ampla da abrangência dos REA's no panaroma educativo e não só.

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  8. Olá Eduarda Rondão,

    Ao ler o seu post somei conhecimento, pois aprendi mais coisas sobre os REAs. E ao ler o seu post lembrei-me também da frase que tinha lido no artigo de Ilkka Tuomi: imaginemos um mundo onde educadores e estudantes têm livre acesso a ensino de elevada qualidade, independentemente da sua localização.

    Concordo também com a Telma Jesus quando escreve: "Por vezes, a ignorância, a escassez de informação relativamente às licenças, as questões dos direitos de autor constituem um entrave à utilização/criação de um REA."

    No final do ano passado fui assistir ao Encontro Científico do ISLA e foi apresentado um caso de sucesso numa escola do ensino secundário em Espanha, localizada numa zona subdesenvolvida, devido ao êxodo para os grandes centros urbanos. Os professores e alunos desta escola utilizaram recursos educacionais disponibilizados na Internet, nomeadamente, pesquisas de temas, criação de blogs para a realização de trabalhos, etc. Assim, os alunos puderam participar activamente no processo de conhecimento, construindo-o através das suas descobertas pessoais, em vez de receptores que se limitam a assimilar conhecimentos ou memorizar informação. Comprovou-se que com a introdução de novas técnicas de aprendizagem, houve também uma maior participação da comunidade, nomeadamente, pais e avós. A prova mais visível do sucesso desta escola foi os resultados dos alunos nos exames de acesso às faculdades, cuja percentagem de notas elevadas era muito superior comparativamente a outras escolas do país.

    Filomena Marques

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  9. Para não me expandir muito e porque já muitas das excelentes ideias e conteúdos que aqui apresentou foram já bem comentadas, vou-me ficar pela sua extrapolação da "Teoria da Evolução" à sobrevivência dos conteúdos e autores com maior qualidade: acabará, assim o espero, por ser assim.

    No entanto, levará o seu tempo, pois a própria "escassez de informação e conhecimento sobre os REAs" poderá conduzir ao seu uso indiscriminado e pouco selectivo do ponto de vista da exigência da sua qualidade. A não ser que os que as usam tenham já uma base que os remeta para opções mais objectiva e qualitativamente orientadas.

    Não posso deixar de concordar, no entanto, com o facto de, paradoxalmente, pelo menos no aparente confronto com a opinião precedente, o contacto e familiarização com os REAs não poder deixar de contribuir para o enriquecimento dos que com elas contactem.

    José Fernandes

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